domingo, 14 de julho de 2013

Coisas de quem acredita em Destino


    É mesmo, Calvin. É tão mais fácil responsabilizar o outro. O sentimento de culpa é um fardo que temos que carregar nas costas tão pesado quanto a pedra carregada por Sísifo até o topo da montanha, o qual nunca chega.
   Seres humanos tem suas manias estranhas. São extremamente contraditórios. Querem explicação pra tudo, respondem com certeza e complexidade e nunca são eles os responsáveis. Por que? Bem, eu tenho algumas suposições que não devem ser levadas em conta, uma vez que como humana devo estar me contradizendo toda hora e sem perceber. 
    Uma das suposições gira em torno da mentira. O grande Humberto Gessinger não foi o primeiro a refletir sobre isto, mas foi muito eficaz ao cantar o verso "Uma mentira repetida até virar verdade" em sua canção O Sonho é Popular. Muito bem. Mentir várias vezes acaba nos fazendo acreditar que algo é verdade. Inocentes aqueles que acham que isso é apenas poesia ou até mesmo um certo tipo de ditado popular. Quantos mitos e superstições atravessaram os séculos protegendo muitos do que era desconhecido, dando sentido ao que não tem explicação. Se tudo fosse por nossa conta, não sobreviveríamos, pois seres humanos não nasceram para isso. Viver nem sempre significa entender. Creio que viver seria algo mais próximo de buscar soluções. 
     Pense bem: Você nasceu e o mundo já era desse jeito. Somos como intrusos. Procurar a essência das coisas nos dá segurança, mas nos frustra, pois nunca entenderemos por completo. Esse quebra-cabeça sempre vem faltando uma peça. 
     Não é minha intenção ofender os céticos, mas a vida consiste muito mais em crer do que ver. Todos enxergam o mundo "real", isto é, o tangível, mas poucos entendem, de verdade, que ele é muito mais que isso. Uma estrela é mais do que uma grande e luminosa esfera de plasma. Música é muito mais do que um complexo esquema de notas musicais. Sentimentos são maiores do que o sistema límbico cerebral. 
     Acreditar que nosso destino é determinado pelas estrelas é mais do que uma mentira repetida. É ser. É nos livrar da culpa de viver ao mesmo tempo que caminhamos para a morte. É necessitar entender que as coisas não acabam assim e que as nossas escolhas não podem ser as erradas porque são regidas pelo destino. É precisar acreditar que o  amor verdadeiro estará às 6:20 na parada de ônibus e que me atrasei 10 minutos porque era ali o momento certo de conhecê-lo. Sem isso,  talvez seja mais complicado viver. Não, não são coisas de tolos, nem de irresponsáveis, mas de seres que buscam  consolo naquilo que não compreendem. Para mim é bravura, ou até mesmo como Calvin crê: diversão. 

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sábado, 13 de julho de 2013

NDO



RECOMEÇANDO. Palavra milagrosa. Gerúndio eficiente. 


Traduzindo pensamentos...


 
  "Espelho, espelho meu..." Não, não, não. "Querido diário..." Também não. "Era uma vez..." Como  é que se inicia algo mesmo?

   Introduções me deixam nervosa. Começar algo novo me deixa nervosa! Em brasas! Flamejando! Todo começo requer um pouco de atenção. Sem erros de gramática, coluna ereta, sorriso no rosto e blábláblá. Discursos bonitos atraem os outros. Rostos bonitos também. Estamos rodeados por regras e padrões aterrorizantes que devem ser seguidos. Mas pra que sermos formais? Iniciei um texto e nem percebi. Se antes, talvez, haviam 5 leitores, poderia agora me restar 3 ou 2? O que importa? Dizer nada, às vezes, nos diz muita coisa. Todo começo define uma impressão que custa a ser modificada. "O que vale é a primeira impressão." Será mesmo? Corajosos aqueles que pretendem chegar ao fim desse início de jornada. Um início não muito bem esclarecido (como nos melhores romances), sem nexo, sem intenção, sem nada. Introduções deveriam apresentar o tema a ser proposto. Mas acho que fica muito mais delicioso quando provamos o prato saboreando cada minucioso detalhe e descobrimos a maravilha ou a decepção que ele é. De maneira subjetiva? Sim! Claro! Entenda tudo que vai ser dito aqui como quiser. Um bom contador de histórias é aquele que tempera o conto a partir de um tempero especial: sua própria identidade. 
   Já que minha torta introdução já foi dada, hora de partirmos para o desenrolar do conteúdo. Primeiramente comecemos esclarecendo que minha mente funciona como a mente de uma criança entre os quatro e nove anos. Um turbilhão de informações, sentimentos, sensações e histórias pra contar. A toda hora o heroi se torna vilão, o vilão se torna  heroi! Dragões cospem fogo em muralhas; chuvas de flechas en(cobrem) o céu; princesas empunham espadas; duendes marcham em direção ao território inimigo, e...e...e....e à essa altura meu quarto costumava estar um campo de guerra: com almofadas e travesseiros desamontoados, uma cabana, de lençois e cadeiras, completamente desfeita e uma criança mais do que satisfeita por se sentir a criadora de um filme infantil. Mas por que eu disse isso mesmo? Ah sim, porque não quero que se espantem se eu parecer um pouco amedrontadora ou perdida. Faz parte do quebra-cabeça ser do jeito que ele é pra que se obtenha diversão. 
       Diversão....Para mim não há palavra mais importante. Tudo deveria ser diversão. Quer ver? Por que achas que as crianças estão sempre sorrindo e se sentem as pessoinhas mais felizes do mundo?! Ué, elas se divertem! Não! Não me venham com essa de que as pessoas crescem, responsabilidades surgem e uma hora outra temos que ser adultos, deixarmos de ser Peter Pan. Os adultos são como são porque não sabem mais se divertir. Suas diversões se resumem à luxúria, bebedeira, e tudo mais...Quando a noite acaba as responsabilidades surgem de novo. A verdadeira felicidade habita lá dentro, naquilo que o ser humano foi, deixou de ser e será. Isso me lembra um pouco o Suprassumir, de Hegel, mas deixemos isso para outra conversa. A verdade é que ser criança é minha parte mais valiosa. A realidade é tudo aquilo que surge na minha mente e flui dentro dela, uma vez que minhas ações por serem concretas não são puramente EU, já que correspondem a realidade comum, o que eu chamo de "esse mundo que todos habitam". Ser criança é algo valioso para mim porque é o momento em que me encontro como realmente sou. Parafraseando Albus Dumbledore, não é porque acontece em nossas mentes que não significa que seja real. 

Como era mesmo que a Disney dizia....? Ah sim!  "When the dreams come true..."